domingo, 16 de maio de 2010

Internauta sem PC!

Frequentemente, sai uma pesquisa ou outra sobre o impacto e influência das tecnologia na vida das pessoas. O que mais se aborda nestas enquetes, é como viveriam hoje os seres humanos que já acordam olhando para o celular, que dão bom dia no Twitter® antes de dar bom dia à família, que almoçam pensando em quantos emails ainda tem que enviar até o final do dia, que lancham a tarde preocupados em saber quem lhe roubou na Colheita Feliz do Orkut®, que não conseguem dormir sem dar uma espiadinha em todos os cadastros que tem na rede e por aí vai. Eu sei que estou no rol dessa galera que enxerga o mundo através da internet, mas não me achava tão fissurada assim... até meu computador queimar!

Lá no trabalho, eu acesso a internet o tempo todo... aliás, verdade seja dita, eu não desconecto nem na hora do almoço (é mais fácil deixar os emails abertos e atualizar a página depois, do que ter que fazer login novamente). Acontece que, além de lá ser ambiente de trabalho, o uso de Orkut®, Second Life®, bate papo etc, é bloqueado. O que faria eu para cuidar dos avatares, bichinhos e mascotes que tenho espalhados no vasto mundo tecnológico??? A solução era até simples: usar, quando desse, o computador do meu marido ou o notebok do meu irmão (não é a melhor coisa do mundo, mas até ajuda).

Tendo essa solução muito prática na mente, tentei relaxar. Quando chegava em casa após o trabalho ou da faculdade, fica beirando o maridão que nem menino de olho grande na mesa de doces em aniversário... doidinha pra ele levantar e eu poder atacar meu objeto de desejo. Mas, até aí, dá pra viver sem pensar em suicídio, mesmo tendo o coração partido por não ter dado comida aos peixes no Segredos do Mar (também Orkut®). Acontece que, muito pior do que se descobrir um viciado com todas as letras, é descobrir que a sua vida inteira está enfiada no HD. Onde estão as fotos do meu filho, para mostrar a ele e acalmar o chorôrô depois dele ter visto um álbum da mãe criança e achar que ela esqueceu dele em algum lugar? Onde foi mesmo que anotei os rascunhos dos livros que comecei a ler para minha monografia? Onde diabos eu deixei a declaração do imposto de renda do ano passado para reenviar os dados? Como terminar o vídeo da apresentação feita na faculdade dias atrás? Como pegar agora os comprovantes de pagamento online que salvei na área de trabalho? Putz... tudo isso e muito mais está lá... arquivado na máquina queimada.

Hoje eu realmente não sei dizer até onde vai minha dependência de tecnologia, mas já notei que ela vai longe. Consulta de preços, leitura de jornais, pesquisas acadêmicas, contato com amigos, planos e projetos profissionais, o último capítulo da novela... tudo isso eu administro usando o mundo online. E pior, eu não consigo (e nem quero) trazer isso de volta para o mundo agenda e caneta... eu quero chegar em casa, apertar o botão de power, tomar banho e já jantar abrindo todas as páginas da web que eu preciso. Quero continuar usando minha máquina fotográfica digital e fazer lindos álbuns de música e efeitos, só imprimindo as fotos que preciso; quero mandar um email contando piadas de uma vez só para mais de cem pessoas, ao invés de contar para grupinhos de 2 ou 3 pessoas; quero usar o skype sempre que tiver que falar com alguém fora do estado porque o preço do DDD está pelos olhos da cara; quero acessar o jornal local na internet porque os comerciais entre uma notícia e outra é o fim da picada .... Enfim.... quero poder ter acesso ao meu vício novamente e usar dosagens altas.

Bom, talvez alguém pense (e até sugira) que esta fase de abstinência deveria servir para eu refletir sobre essa doença e procurar adotar hábitos mais saudáveis, longe do computador... Para estas pessoas eu digo que agora não tenho tempo para isso, porque estou ocupada demais tentando reescrever os infinitos textos que preciso e contando os dias para scannear e enfiar tudo novamente no próximo pc. Além de estar refletindo em como encaixar no meu orçamento as parcelas de uma outra máquina.

Quanto aos curiosos, que querem entender qual o impacto da tecnologia na vida das pessoas, digo, como internauta convicta e de carteirinha: eu não lembro mais como era o mundo antes da internet, mas tenho certeza de que, se eu puxasse da memória, recordaria que deveria ser bem menos prático (e colorido) do que é hoje.

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